A discussão sobre jornadas de trabalho mais curtas vem ganhando força no Brasil, especialmente com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa acabar com a escala 6×1, ou seja, uma folga a cada seis dias trabalhados. No país, a jornada padrão é de 8 horas diárias e 44 horas semanais, com pagamento adicional para horas extras, conforme a CLT. Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do FGV Ibre, destaca que a tendência mundial é de uma carga horária cada vez menor, impulsionada pelo aumento da produtividade trazido pela tecnologia.
No contexto global, diversos países já experimentam ou adotaram jornadas reduzidas. A Alemanha, por exemplo, testou recentemente a semana de quatro dias, e 73% das empresas que participaram do piloto manifestaram interesse em continuar com o modelo. Os resultados apontaram uma manutenção da receita e um aumento na produtividade, além de uma melhoria na saúde e no bem-estar dos funcionários. Isso reforça a tendência de que jornadas mais curtas podem ser sustentáveis e até benéficas para as empresas.
Outros países europeus, como França e Itália, também estão entre as maiores economias com jornadas reduzidas. Nos países da OCDE, a média semanal de trabalho em algumas dessas nações é de menos de 37 horas. Segundo o pesquisador Fernando Barbosa, à medida que a renda aumenta, a jornada de trabalho tende a diminuir. Nos países mais ricos, isso ocorre em função de uma economia mais forte e de políticas que priorizam o bem-estar do trabalhador.
Na contramão dessa tendência, alguns países ainda mantêm jornadas intensas. A China, por exemplo, que é a segunda maior economia mundial, apresenta uma média semanal de 48,8 horas de trabalho. O regime conhecido como 996 — trabalho das 9h às 21h, seis dias por semana — é comum no país, mas tem gerado protestos entre os jovens que desejam uma carga horária mais equilibrada. Em resposta, o tribunal superior chinês começou a emitir notificações a empresas que adotam jornadas excessivas.
No entanto, nem todas as grandes economias buscam reduzir a jornada de trabalho. Na Coreia do Sul, por exemplo, a Samsung anunciou recentemente que ampliaria a carga horária de seus executivos, que agora devem trabalhar seis dias por semana, podendo escolher entre sábado ou domingo para folgar. A decisão da Samsung vai na contramão de uma tendência global e reforça a cultura de longas jornadas que ainda predomina em algumas regiões da Ásia.
O Brasil, por sua vez, observa essas mudanças enquanto discute o fim da escala 6×1. Com o avanço da automação e da análise de grandes volumes de dados, empresas ao redor do mundo têm aumentado a eficiência e, consequentemente, a produtividade. Esses avanços podem facilitar a adoção de semanas mais curtas também no país, promovendo uma jornada de trabalho mais equilibrada e de acordo com as tendências globais.
FAQ
1. Qual é a jornada de trabalho padrão no Brasil?
A jornada padrão no Brasil é de 8 horas diárias e 44 horas semanais, com direito a pagamento adicional para horas extras, conforme a CLT.
2. Quais países adotaram jornadas de trabalho mais curtas?
Países europeus como Alemanha, França e Itália têm jornadas reduzidas, com uma média semanal inferior a 37 horas, como parte de uma tendência global de priorizar o bem-estar do trabalhador.
3. Como é a jornada de trabalho na China?
Na China, a média semanal de trabalho é de 48,8 horas. O regime 996, em que se trabalha das 9h às 21h, seis dias por semana, é comum, mas tem sido alvo de protestos recentes.
4. Qual o impacto da tecnologia nas jornadas de trabalho?
A tecnologia tem aumentado a produtividade, permitindo que algumas empresas adotem semanas de trabalho mais curtas sem prejudicar a receita. Esse avanço pode facilitar a redução das jornadas também em outros países.
5. Como a Coreia do Sul lida com a jornada de trabalho?
A Samsung, na Coreia do Sul, ampliou a carga horária de seus executivos para seis dias por semana, indo contra a tendência global de redução da jornada.
6. Qual é o próximo passo para o Brasil em relação às jornadas de trabalho?
O Brasil discute o fim da escala 6×1, o que poderia resultar em uma jornada de trabalho mais equilibrada e alinhada com as mudanças que ocorrem em outras grandes economias.