Ultimamente, o termo ESG tem sido bastante comentado em diversos meios de comunicação e empresariais. No entanto, muitas pessoas não sabem exatamente do que se trata. 

A letra E está relacionada ao meio ambiente e faz referência às práticas sustentáveis, como as políticas de biodiversidade, adoção de energias renováveis, gestão de resíduos, uso responsável de recursos naturais e a redução na emissão de gases de efeito estufa.

O S significa social e faz referência aos temas de direito, responsabilidade social, diversidade, inclusão, saúde e as relações que a empresa estabelece com colaboradores, clientes, fornecedores e os demais convívios. 

O G diz respeito à governança, destacando como a empresa está sendo administrada. Neste quesito, são avaliados a estrutura, políticas de trabalho, ética, transparência e relacionamentos empresariais, entre outros pontos. 

Estes critérios são essenciais para os negócios, já que cada vez mais as empresas, investidores e até mesmo governo estão aprimorando conhecimentos e a conscientização sobre a área ambiental e social, inclusive para melhorar a reputação perante o mercado. 

Sendo assim, posso afirmar que a evolução da agenda ESG (Ambiental, Social e de Governança) tem sido significativa nas últimas décadas, e isto é reflexo da conscientização cada vez mais aprimorada da população sobre aspectos ambientais, sociais e governamentais.  Vejamos um cronograma de desenvolvimento destas práticas. 

Anos 1960 e 1970: O surgimento da responsabilidade corporativa, onde as empresas começaram a considerar o impacto de suas operações na sociedade e no meio ambiente.

Anos 1980: Primeiros esforços de sustentabilidade — O relatório “Our Common Future”, publicado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU em 1987, popularizou a ideia de desenvolvimento sustentável, começando a integrar questões ambientais nas práticas empresariais.

Anos 1990: Normas e relatórios — Surgiram os primeiros índices e padrões relacionados à ESG, como o Global Reporting Initiative (GRI) e o Dow Jones Sustainability Index. Esses esforços ajudaram a padronizar como as empresas relatam suas práticas ESG.

Anos 2000: Crescimento do investimento responsável — O conceito de investimento socialmente responsável se tornou mais popular nos anos 2000. Fundos começaram a focar em critérios ESG ao selecionar onde investir, influenciando o comportamento das empresas.

Ano 2015: Acordo de Paris e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — A adoção do Acordo de Paris em 2015 destacou a urgência de ações climáticas, enquanto os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU estabeleceram metas globais que impulsionaram a incorporação de temas ESG nas estratégias empresariais.

Anos 2020: Maior pressão e regulação — A crescente pressão de stakeholders, incluindo investidores, consumidores e ativistas, levou a uma maior demanda por transparência e responsabilidade nas práticas ESG. Regulações começaram a ser implementadas em várias regiões para obrigar empresas a reportar suas ações e impactos ESG.

Com este desenvolvimento progressivo, posso afirmar que o desenvolvimento da agenda ESG vem se tornando uma prioridade. Dentre os pontos que a compõem estão:

Mudanças Climáticas: Devido aos últimos acontecimentos, sem dúvidas, a preocupação com os impactos ambientais e econômicos causados pelas mudanças climáticas tem sido um ponto alarmante para as empresas adotarem medidas preventivas e sustentáveis para diminuir a exploração e uso dos bens naturais.

Investimentos sustentáveis: Sem dúvidas, este é um ponto que está em alta. O número de fundos de investimento que priorizam critérios ESG está crescendo, inclusive em ações.  Diversas empresas estão se empenhando publicamente em atingir as metas de sustentabilidade, até mesmo com base em dados e estudos científicos. 

Cultura Organizacional: As empresas estão aderindo à agenda ESG como parte da cultura, inclusive orientando os colaboradores sobre a importância dela. Neste ponto, organizações como o GRI (Global Reporting Initiative) e o SASB (Sustainability Accounting Standards Board) estão atuando padronizadamente para orientar estas empresas. Neste ponto, é preciso agir com transparência, publicando dados e relatórios sobre as atividades desenvolvidas. Por meio das tecnologias, é possível digitalizar estes relatórios e monitorar cada ação de forma mais efetiva e transparente.

Por falar em tecnologia, este é outro ponto importante da agenda ESG. Inclusive, a tecnologia verde, que facilita a transição das práticas para ESG, já que está relacionada à eficiência energética, energias renováveis e a agricultura sustentável. 

Por fim, gostaria de ressaltar que os consumidores estão buscando cada vez mais os produtos e serviços que tenham uma preocupação em cumprir a agenda ESG.  Com isso, a estimativa é que este desenvolvimento seja cada vez mais efetivo para melhorar o futuro dos negócios. Portanto, é essencial que as empresas e governos estejam alinhados e empenhados em se adaptarem a esta nova realidade. Caso contrário, poderão sofrer riscos financeiros e de reputação. 

Sobre o autor

Edmilson Gama é  especialista em Governança Corporativa e Compliance, advogado, engenheiro e mestre em economia. Possui livros publicados em finanças empresariais e governança corporativa, e atualmente atua como CFO do BDMG – Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.